domingo, 25 de outubro de 2009

O Dia do Curinga
Jostein Gaarder


A busca pela mãe Anita.


O menino Hans-Thomas e seu pai, partem da Noruega rumo a Grécia, pátria da filosofia, numa viagem cheia de mistérios, onde Hans-Thomas narra coincidências, lindas paisagens e emocionantes conversas com seu pai filósofo.



Chamamos de filósofo uma pessoa que busca a sabedoria. E não queremos dizer com isso que um filósofo seja uma pessoa especialmente sábia... Você entende a diferença?



"o primeiro que reconhece isso e viveu em busca dessa sabedoria foi Sócrates. Ele andava pela praça do mercado de Atenas e conversava com as pessoas, mas não com a intenção de ensinar-lhes alguma coisa. Ao contrário: conversava com as pessoas e encontrava a fim de aprender algua coisa com elas" pag 185



Sócrates costumava dizer que a única coisa que ele sabia, era que não sabia de nada. "a diferença entre Sócrates e todos os outros, era que os outros estavam de todo satisfeitos com o pouco que sabiam, embora não soubessem mais do que ele" pag 185


E as pessoas que se sentem que satisfeitas com o que sabem, nunca poderão ser filósofos.


Em uma conversa muito interessante entre pai e filho, em uma praça de Atenas, surge a discução se existe alguma coisa desse mundo que pode não ser levada. Platão, chamava denominava esse mundo em que estamos, como mundo das idéias. Existe uma coisa que pode não ser levada: o pensamento. Os filósofos não tinham nos legado muita coisa em termos de bens materias, mas seus pensamentos continuam vivos.

O nosso grande desafio de luta diária, em busca de nossos ideias e "inimigo" no mundo é o tempo. O tempo destrói civilizações, corrói antigos monumentos e engole gerações atrás de gerações.

"não há um lugar onde possamos nos esconder para escapar do tempo. Podemos escapar de reis e imperadores, e talvez até de Deus. Mas não podemos escapar do tempo. O tempo nos enxerga em toda a parte" pag 241

Há sempre, o outro lado de interpretação. Só tempo se encarrega de nos transformar em adultos.

No meio da viagem, um livro desencadeia ma narrativa paralela, em que mitos gregos, família, náufragos, cartas de baralho que ganham vida e a "bebida púrpura".. transformam a vida do menino numa verdadeira busca do conhecimento.

Quanto à bebida púrpura, no caso, acredito que talvez sejamos todos bêbados que consumimos diariamente. E a bebida púrura pode ser a mídia, o trabalho, o comodismo, a família... os amigos, nossas frustrações. Sabemos que há algo errado e procuramos as cegas uma saída. Essa percepção, de uma notoriedade diferente na realidade de cada um, nos destaca dos demais, mais não nos torna um Curinga.

O Dia do Curinga é uma grande reflexão do mundo atual, onde a falta de questionamentos, traz o conformismo.
O personagem principal, pra quem quiser interpretar assim, o Curinga, tudo o que sempre faz, é andar por aí observando tudo o que os outros fazem. Em contra partida, ele pode ver todas as outras coisas, pelas quais os outros foram cegos. O Curinga veio ao mundo também, vendo todas as coisas com muita profundidade.
Quanto a bebida púrpura, as nossas fraquezas, a diferença do Curinga, em se entregar a isso, ele resiste com todas as suas forças, contorcendo-se feito uma cobra e sempre cospe o que os "valetes" tentam enfiar goela abaixo.
-uringa cospe bebida cintilante! pag 265
Sem o soro da mentira, o pequeno bobo da corte consegue sempre pensar com clareza.
"Um curinga é um pequeno bobo da corte, uma figura diferente de todas as outras. Não é nem de paus, nem de ouros, nem de copas e nem de espadas. Não é oito e nem nove, nem rei e nem valete. É um caso à parte, uma carta sem relação com as outras. Ela está no mesmo monte das outras cartas, mas aquele não e o seu lugar" pag 72



Pode existir isso? Uma sociedade cheia de curingas? Não. Se todos somos curinga, então seríamos iguais. O curinga é único, diferente. Pensa diferente.

Um comentário:

Yohana Tanzkaya disse...

show!!! Tá me dando até vontade de ler esse livro!!! postando um monte de frases daqui..huahhuiahauhaaha :P